CRITICIDADE EM JOGO

A GAMIFICAÇÃO COMO ABORDAGEM EDUCACIONAL MERCADOLÓGICA

Autores

  • Iasmin Maia Pedro Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Palavras-chave:

Metodologias ativa, Gamificação, Criticidade

Resumo

As metodologias ativas (MA) sugerem uma aprendizagem interativa e dialógica a partir de abordagens críticas que associam conhecimento às transformações do mundo (CARVALHO, 2018). Contudo, para a gamificação, um tipo de MA que utiliza design de jogos em ambientes de não jogos (ALVES, 2015), a aplicabilidade da concepção de criticidade tem uma concepção distinta, sendo utilizada para a resolução de problemas mundiais em sistemas nos quais os usuários são utilizados como mão de obra não remunerada, motivados pela vontade de ajudar a melhorar o mundo (MCGONIGAL, 2011), tendenciando um caráter neoliberal de educação (BALL, 2014). Alocados no campo da Linguística Aplicada, considera-se uma concepção de criticidade em que o sujeitos questionam e agem conscientemente frente ao conhecimento/círculo interpretativo, suspeitando e deslocando as relações de poder (PENNYCOOK, 2010), bem como as proposições sobre o neoliberalismo no que tange a  educação mercadológica (BALL, 2014), analisaremos a terceira parte da obra “Reality is broken: why games make us better and how they can change the world,” de Jane McGonigal (2011), a partir de uma abordagem interpretativista de pesquisa (DENZIN; LINCOLN, 2000). A nossa hipótese é que questionar os problemas sociais, econômicos e financeiros no mundo carrega uma concepção de criticidade, entretanto, quando tal exercício é utilizado enquanto ferramenta de mercado, a criticidade passa a ter um caráter neoliberal de educação-mercadológica. Por isso, nosso objetivo geral é analisar o emprego de uma perspectiva crítica de gamificação adotada por McGonigal (2011) e em específico, identificar a concepção de gamificação utilizada e observar a relação estabelecida entre a resolução de problemas mundiais e a gamificação. Verificamos, assim, que a referida autora, nos capítulos analisados, ao considerar a resolução de problemas mundiais dentro de um engajamento econômico sustentável, impulsionado por motivações intrínsecas, adota uma criticidade filantrópica neoliberal e não para o descentramento de relações de poder. 

Biografia do Autor

Iasmin Maia Pedro, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Professora na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, formada em  Letras - Português/Inglês e mestranda em Estudos de Linguagens pela mesma instituição; especialista em "Educação Bilíngue" pela UniDombosco e em "Gamificação” pela Universidade Federal de São Carlos. Atuou como membro dos projetos de extensão Laboratório de Revisão de Textos Acadêmico-científicos (LABREV - UFMS) e Programa de ensino de línguas (PROGELI - UFMS). Possui interesse em Gamificação e no ensino de língua estrangeira, sob a perspectiva teórica dos letramentos críticos, participando do grupo de pesquisa "Letramentos e Feminismos", coordenado pela Profa. Dra. Fabiana Biondo.

Referências

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Publicado

15-01-2024

Como Citar

Maia Pedro, I. (2024). CRITICIDADE EM JOGO: A GAMIFICAÇÃO COMO ABORDAGEM EDUCACIONAL MERCADOLÓGICA. SUD, 12. ecuperado de https://submissao-esud.ufms.br/home/article/view/19

Edição

Seção

ESUD2023_Artigos Científicos | Trilha Temática III - Modelos pedagógicos e metodologias